A experiência da dúvida

[Estudos no Livro de Salmos - cap. 13] Até quando, SENHOR Deus? Esquecer-te-ás de mim para sempre? Até quando ocultarás de mim o rosto? Até quando estarei eu relutando dentro de minha alma, com tristeza no coração cada dia? Até quando se erguerá contra mim o meu inimigo? Atenta para mim, responde-me, SENHOR, Deus meu! Ilumina-me os olhos, para que eu não durma o sono da morte; para que não diga o meu inimigo: Prevaleci contra ele; e não se regozijem os meus adversários, vindo eu a vacilar. No tocante a mim, confio na tua graça; regozije-se o meu coração na tua salvação. Cantarei ao SENHOR, porquanto me tem feito muito bem. [Salmo 13] Uma espiritualidade que se constrói na ausência completa da dúvida é imatura, infantil e possui alicerces frágeis. A fé que só possui certezas absolutas não é a fé bíblica. A definição de “fé” é algo complexo, mas não seria equivocado pensar na combinação da certeza e da dúvida. É na tensão entre estes dois polos que a fé se constrói. Se é só certeza, não há necessidade da fé. Se é só há dúvida, a fé já não existe. Para o salmista a experiência da dúvida não significa ausência de espiri- tualidade. Muito pelo contrário, os questionamentos de quem ora estão presente na própria prece. Enfrentamos muitas vezes situações em nossa jornada que não vemos o rosto do Deus Eterno. No salmo, a ausência de Deus é um dos motivos da oração. Quem clama, o faz porque se sente abandonado, esquecido e ignorado. Não há perspec- tiva de “quando” o SENHOR responderá e se manifestará diante da situação decadente. A tristeza interior e a angústia do salmista é igual- mente colocada em pauta. Até quando? indaga o orador sobre a crise existencial a que está submetido? Diante de sua finitude e limitação, a pessoa se vê atormentada em seu coração, por isso da sensação de impotência. O próximo questionamento diz respeito ao inimigo do salmista. Até quando continuarão humilhando, rebaixando e se vangloriando em cima de quem clama? No meio da dúvida, das incertezas e das tensões interiores da nossa alma – conheço Deus, sei que ele é real, mas não o vejo agindo –, aprendemos com o salmista que a espiritu- alidade não é uma fortaleza de certezas e que não é ra- zoável pensar em uma fé que não duvida. Diante das dúvi- das, o salmista ora, pede, clama, se rende. Não é, portanto, nossa fé que garante a qualidade da nossa experiência de Deus, mas sim o Deus que é o objeto da nossa fé. Na dúvida, o salmista se lança, dá o “salto”, aos braços do Eterno, Deus que o salmista sabe que pode confiar. Há um “jogar-se” na segura mão daquEle que salva, ama e resgata. Seja sobre Deus, nós mesmos ou a respeito do mal que nos cerca, a dúvida pode pairar sobre nossos corações. Porém, a fé que move aquele que ora, não é falsa e mentirosa. “A fé é a mais elevada paixão de todos as pessoas”, disse Kierkegaard. É uma fé que não tem medo de colocar suas dúvidas diante do Altíssimo e se apossar da certeza de que Ele nos ama. A fé que duvida é também uma fé que canta o bem de Deus por nós. É uma fé que arrisca tudo por Deus!

André Anéas

É pastor da Igreja Batista em Quitaúna (IBQ). Bacharel em Teologia, Doutorando e Mestre em Teologia. Coordenador dos cursos de Pós- graduação da Teológica, onde também é professor da área de Teologia Sistemática. É também escritor de livros e artigos.

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por André Anéas por André Anéas Professor da Teológica Professor da Teológica
Nossa fé que garante a qualidade da nossa experiência de Deus, mas sim o Deus que é o objeto da nossa fé.