Amor de Deus: o maior ponto de partida que nos
leva a “vir-a-ser” (*)
Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por
nós, sendo nós ainda pecadores. [Romanos 5.8ss]
Muito ouvimos falar sobre o amor de Deus. Consultando o Novo Testa-
mento descobrimos que o amor de Deus se apresenta sob a imagem de
um pai que deixa seu filho partir [pai do filho pródigo – Lucas 15.12], mas
também de um Pai que envia Seu filho para dar-nos nova vida em Cristo,
que morre por seus amigos e inimigos [Romanos 5.8].
O amor de Deus por nós é inclusivo, não apontando para o sentido de
possessão, mas para a afirmação de um Deus que não leva em conta seus
direitos. Um Deus que se entrega para permitir que sua criatura se
desenvolva em todas as dimensões de sua humanidade ao receber a
salvação e ser reinserida no plano original da criação. O sinal deste amor
foi representado em Jesus quando tirou a sua túnica e se ajoelhou para
lavar os pés de seus discípulos, ele que era o Mestre deles.
A realeza do Deus das Es-
crituras não é expressa nos
registros da dominação e
do poder, mas na oferta de
sua pessoa e do dom ou presente. O amor de Deus não quer um humano
abatido, mas restaurado e liberado, capaz de amar. Isso nos leva a mais
um passo na compreensão desse tema quando notamos, agora a partir do
Antigo Testamento, o desafio de amar a Deus no acolhimento do seu
amor por nós.
O princípio do amor a Deus está no centro da confissão de fé de Israel:
Ouve, Israel... o SENHOR, nosso Deus, é um... e você amará O SENHOR, seu
Deus, de toda a sua pessoa [Deuteronômio 6.4-5: ...de todo seu coração, de
todo seu ser, e de toda sua intensidade]. A expressão amar a Deus é um
antropomorfismo (o uso de linguagem humana para buscar compreen-
der a Deus) e pode ser entendida na interpretação dos três tempos
verbais dessa confissão de fé que nos conduz ao caminho do discipulado
(vir-a-ser discípulo
•
Ouve, Israel: o amor a Deus é, antes de tudo, uma escuta. O verbo ouvir
também aponta para a ideia de acompanhamento. Amar a Deus é prestar
atenção em sua palavra e, isto, envolve estudá-la e aplica-a à vida. Restringir-
se ao hábito de uma tradição religiosa, a rituais, pode limitar o exercício da
espiritualidade sadia e fazer com que a graça de Deus escape como água entre
os dedos.
•
O SENHOR, nosso Deus, é um: o amor a Deus é uma renúncia a todos outros
deuses. É uma separação que nos leva ao abandono de todos os ídolos deste
mundo: dinheiro, poder, fama, sucesso material, trabalho, bem-estar, con-
sumismo, ideologias que não têm suporte na Palavra de Deus etc.
•
Amarás ao SENHOR, seu Deus, por meio de todo o seu ser: que pode ser
entendido como uma intensidade tão profunda que nos conduz a elevar,
amplificar, o nome de Deus. A compreensão ingênua de fé nos leva a crer em
Deus simplesmente porque Ele nos traz algum benefício, nos fazendo bem,
trazendo prosperidade, acalmando nossos medos e preenchendo nossas
carências emocionais. Foi exatamente essa compreensão de fé que Jó precisou
abandonar. Precisamos nutrir fé madura que se coloca a serviço do Evangelho
e do próximo, dispensando a fé que apenas busca um Deus que está ao nosso
serviço.
A fé madura é uma fé gratuita, desinteressada. É uma decisão que se
inclui na rejeição à idolatria nos seus mais variados aspectos. A diferença
entre uma pessoa que é apenas crente e um discípulo fica representada
na equação de estar entre o crente que meramente conta com Deus,
enquanto Deus pode contar com quem é discípulo. O Evangelho nos
convida a amar a Deus tornando-nos seus discípulos, seus seguidores.
(*) Vir-a-ser é uma expressão muito conhecida na Filosofia e indica o processo de
alguém vir a tornar-se em algo. Na visão cristã indica o fato de sermos transfor-
mados à medida que seguimos o caminho do discipulado e os ideais do
Evangelho.
André Filipe de Farias Sass
É pastor auxiliar da PIB em Vila Nova Cachoeirinha (Capital, SP),
Doutorando em Filosofia Sociológica (EHESS PARIS) e Doutorando
(IPT-PARIS), Bacharel e Mestre em Teologia. Professor de Filosofia e
Ciências Sociais na Teológica e pesquisador associado ao Fonds
Ricoeur (Paris-FR) e representante no Brasil da Associação Croix
Huguenote (Montpellier-FR).
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“O amor de Deus não quer um hu-
mano abatido, mas restaurado e
liberado, capaz de amar.”